Relatório Extracurricular


Hoje dei por mim a analisar a vida académica. É verdade, os hábitos e costumes académicos de um jovem estudante na universidade tornam-se peculiares quando passamos algum tempo a observá-los em diferentes situações do dia-a-dia do aluno. Quais os meus alvos? Não, não foi a fachada estudantil em geral mas sim os… e agora digo, Os Trajados.
Ao que parece agem por um instinto super-herói, isto é, os meus estudos, que ainda não foram defendidos por uma tese que sustente toda a minha alegoria feita a esta camada de alunos, diz-me que todos eles são partidários do Batman, ou então simplesmente gostam de morcegos, isto não quer dizer que o sejam pois é comum vê-los aos encontrões às coisas nas queimas de Coimbra, ou tal vez o álcool impeça o bom funcionamento do seu radar ultra-sons.
Adiante, tal como o Batman, ambos vestem de negro com uma capa e acessórios rudimentares, mas já lá vamos.
Como devem saber, a verdadeira identidade Batman dava pelo nome de Bruce Wayne, um homem bem sucedido na vida, um ser normal, sem problemas, definido por uma personalidade própria e com a sua maneira de estar na vida, o seu alter-ego, Batman, é uma personagem que luta contra o crime escondendo o rosto com uma mascara. É como se houvesse um paralelismo entre Bruce, o homem normal, e Batman, o super herói. O mesmo acontece com os estudantes trajados, em dias normais vão para os seus locais de estudo com a sua roupa à civil, têm diálogos com os seus colegas e vivem o seu horário de estudo o mais às direitas possível, mas, quando se faz avistar no céu um foco luminoso incandescente que desenha lá no alto os contornos de um morcego (neste caso uma sugestão na véspera), os estudantes variam por completo a sua maneira de estar. Algumas destas sugestões não passam de meras suposições mal fundamentadas que por vezes resulta na ida de um único elemento trajado por turma, tal como na primária que as meninas combinavam umas com as outras trazerem mini-saia e quando chega o dia, aquela que mal dormiu na noite anterior a pensar na saia que ia vestir, era a única que realmente a trazia e acabava por ser motivo de chacota para as outras. Mas quando o plano segue a sua avante, podemos observar os trajados nos seus rituais éticos que maioritariamente englobam a ida ao bar mais próximo para que estes possam pousar com a sua cerveja de estimação em cima da mesa, chamo-lhe cerveja de estimação já que se quisermos perder algum do nosso tempo a seguir mais de perto estes trajados, podemos observa-los a passear com ela pela faculdade, não a largando da mão, e se olharmos ainda com mais atenção é possível ver que o seu nível não desceu desde o primeiro segundo.
É comum vê-los em grandes grupos, mas infelizmente em nada se assemelham com zebras, isto até poderia destoar o meu olhar de predador e prejudicar a minha escrita sobre esta espécie, o que é facto é que um a um foram analisados e assim foi-me possível fazer alguma estatística com base em cada trajado individualmente. Em tudo isto sim, assemelham-se. O seu perfil como trajados define uma pessoa que se acha forte e autoritária, tal vez o traje lhes conceda verdadeiramente super poderes e por isso se acham tão bons. Em época de praxes as suas tradições obrigam-nos a andar aos gritos e a formar manadas de caloiros que se deslocam por todo o lado obedecendo a todas as regras destes seres, o traje confere-lhes um poder ditatorial. Existe também toda uma hierarquia entre eles, há portanto trajados mais importantes do que outros e várias funções no grupo, uns cantam outros gritam outros dão ordens e outros procuram novos caloiros para se juntar ao formigueiro.
A organização e bom aspecto do curso, para uma boa primeira impressão da parte dos caloiros ao mesmo, depende da capacidade do Trajado Alfa em conseguir suster a respiração mais tempo possível enquanto cola a boca a uma garrafa de álcool, é impressionante a admiração que um caloiro pode ter e a sua vontade e empenho durante a sua passagem pela faculdade, motivados pela vontade de também eles serem capazes, um dia, de vestir uma capa negra bordada com os seus pins, emblemas, madeiras, fitas e fitinhas, que tal como no reino animal indicam as suas "feridas de guerra", aqui remetem por outro lado para o tempo, já fora de prazo, em que estes já se deviam ter licenciado, sim porque para ser um destes Trajados Alfa é preciso ter no curriculum o máximo de cadeiras por fazer, por outras palavras, é preciso reprovar largos anos, uma posição invejável digam lá que não.
De momento os meus estudos predispuseram de apenas um dia de relato animal desta selva que é a universidade, podia vos dizer que idealizava um próximo post com os meus novos achados dos costumes académicos, mas duvido que me surtam mais interesse futuro, a imbecilidade humana não tem limites e certamente irei ter outros temas para abordar.

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