Viagem ao Inferno

Em tom de crítica vos elevo o problema fatídico do dia-a-dia de um pedestre.
É verdade, nós, aqueles que se deslocam em transportes públicos pela manhã a caminho do seu local de trabalho/estudo, são confrontados com inúmeros obstáculos que tornam uma simples viagem de comboio numa prova de resistência. Passo a apresentar o problema:
Vocês!
Sim, vocês, colegas pedestres, são o grande problema mas não são todos vocês, atenção, são só alguns. O deslocamento em massa de todos os pedestres é um problema para a boa circulação dos mais inocentes, o problema está no bom senso.
Vamos imaginar que uma carruagem do comboio é uma câmara de gás e que nós, transeuntes emparelhados, somos só mais umas quantas vitimas amontoadas umas em cima das outras, vá para não parecer muito mau nesta comparação aqui o gás pode ser remetido para o cheiro a suor, cabelo mal lavado, hálito a tabaco e sovacos transpirados que se faz sentir pela manhã numa dessas carruagens a que estamos acostumados a morrer e sim, se nos pusermos neste lugar não é difícil imaginar a sensação de estar numa verdadeira câmara de gás.
Continuando… neste cenário, de paragem em paragem, é possível identificar aqueles com mentes mais suicidas, sim, já não chega a carruagem estar apinhada de gente em sofrimento, ainda há quem de fora queira dilatar essa dor e o método é tão simples quanto isto; basta que a porta se abra e haja 1cm quadrado de espaço livre, são estes os ingredientes básicos para que um destes “ocupas” se apodere dele, é claro que o ingrediente secreto é… txan txan! Falta de Senso.
Já muito apertado e apalpado pela gente o comboio aproxima-se da estação mas antes que este se imobilize por completo, ainda a uns bons 70km/h, há sempre quem nos pergunte “vai sair?”, esta pergunta tem o propósito que a gente se afaste da senhora ou senhor em questão para este se poder aproximar da porta, não vá o comboio encher-se de água e a senhora ou senhor ter de pegar no seu bote salva vidas e lança-lo à linha.
Enfim, quando a porta se abre parece que se combinou entre todos os passageiros, “O último a sair é pastelão” e como ninguém quer ser o pastelão, e já que os portugueses são todos magrinhos, apressam-se em sair pela mesma porta em grupos de cinco de cada vez, inteligente não é?
Mas ainda mais inteligente é a entrada nas escadas rolantes ou na minha preferida, a passadeira rolante, deveria haver um código de estradas para os pedestres, sim dessa maneira haveria menos gente a tropeçar uma nas outras, quem sabe menos atrasos e com um pouco de sorte um ar mais bem disposto na cara das pessoas, mas voltando à passadeira rolante, apercebemo-nos que as regras de transito seriam bem vindas e tudo funcionaria muito melhor, se:
Uma pessoa cuja pressa não é muita se encostasse à direita para deixar aqueles com mais pressa ultrapassarem pela esquerda até aí tudo bem pois podíamos infringir a lei e ultrapassar por onde desse mais jeito, agora… existem uns quantos palhaços e palhaças que gostam de ir lado a lado a falar descontraidamente, caramba vendo bem aquilo só tem uma faixa, mas ok, nos somos magrinhos, cabemos.
Finalmente a chegada ao metro, aqui é o sitio onde todos os dias se solta uma gargalhada, o metro é um sistema mais inteligente que o comboio já que as suas portas quando se fecham, fecham. Assim podemos ver uns totós a levar com a porta na tromba, mas eles gostam, vê se na cara deles porque quando entram no metro, após levarem uma placagem sandwich das portas, começam-se a rir e a olhar para as pessoas, é o que se chama “Uma grande entrada” e como the show must go on não ficamos por aqui. Assim que temos de passar novamente os bilhetes, ou passe, pelo dispositivo, há sempre alguém que mesmo depois de já ter passado 10 vezes o seu cartão a porta não abre… deslocar-se a um segurança, para que? Oh, bom bom é fazer filas…
De volta a casa e já no comboio, com este mais vazio, reparo num outro pormenor.
Está provado que as pessoas são muito sociais durante amanhã, gostam muito de se roçar umas nas outras, ficarem bem apertadinhas e falar muito alto mas à tarde sentam-se cada uma num lugar do comboio, para quem não sabe os lugares nos comboios costumam ser distribuídos num quadrado formado por 4 bancos, dois virados para a frente e outros dois para trás, e as pessoas não gostam de se sentar junto às outras pessoas e à medida que vão entrando olham todas dum lado para o outro à procura de um lugar sem ninguém ao pé.
Bem, esta foi mais uma das minhas análises sobre o comportamento humano e as suas atitudes estúpidas.
Irei prosseguir os meus estudos inspirados na raça humana, quem sabe o meu texto não chega às mãos de alguém importante e me seja fornecido um carro e gasolina paga, mas depois eu ia ter de escrever sobre o trânsito não é?
Bem, vou ficar na esperança que algumas das pessoas que já ultrapassaram o prazo de vida razoável morram durante a noite, assim sempre há mais lugares pela manhã no comboio.

2 comentários:

Diabinha e Tal ... disse...

Quem vive nas grandes cidades e sujeita se diáriamente a andar em transportes publico definitivamente deve viver ou sobreviver a um verdadeiro calvário!
Há que manter a calma e tentar fazer disso uma diversão se bem que ás vezes deve ser uma missão impossivel.
Há quem tire vantagens disso e se aproveite das horas de mais aperto para o ritual do roça roça!
Tarados ou espertos?
Hu Hu ah ah ah

Muito Bom Post Sapo como já nos habituaste!
Gostei muito!

MASZE O MANO disse...

Gosto muito de andar de metro e muito divertido ver todas essas situaçoes que falaste .
A pior de todas e quando alguem se peida lol.
BOM POST SAPO.