És sombra ... És minha!

O que é que valerá mais a pena?
Não posso negar que o que tenho vale mais do que tudo, mas por vezes o silencio que soa no ar faz-me pensar naqueles tão próximos e com oportunidades… aqueles que passam ao longe ou mesmo ao perto e que o olhar finta sem grande importância. Aqueles cujo valor não é dado, simplesmente porque se desconhece a obra perante eles.
Consigo aperceber-me cada vez que olho, por maneiras inimagináveis, maneiras puras e disformes de olhar por dentro daquilo que poucos olham, consigo até sentir o cheiro, mesmo deste lado... consigo desejar e sentir frio a cada palavra, mas por vezes dói.
Dói estar aqui, deste lado, sabendo que os outros se cruzam todos os dias, se falam todos os dias, enfim uma banalidade de coisas a que não se dão valor e eu, deste lado, tenho o prazer de conhecer o que mais ninguém conhece, o prazer de valorizar cada momento, cada simples palavra ou atitudes sem haver toques.
Tenho o prazer de conhecer.
Vivo numa pequena prisão e não me importo com o seu tamanho que me prende, mas por vezes olho para fora dela e vejo quem caminha resguardado pelo sol, o mesmo sol que nos dá sombra, mas quem é que dá valor às sombras, afinal o que é uma sombra?
As vezes ela até está mesmo ali à nossa frente, mas quando fica por trás de nós então aí ninguém lhe liga mesmo, mas ela está lá, acompanha-nos e toca-nos. E eu, dentro desta prisão sem sombra junto a mim, sinto me apertado, a olhar para ela lá fora, mesmo junto a mim mas sem me tocar, limito-me a observa-la, conhecer cada traço seu e daí conhecer cada traço meu.
É assim que te vejo, minha sombra.
E daí? Poderei algum dia sair desta prisão e caminhar debaixo do sol com a minha sombra agarrada a mim? E se algum dia isso acontecer, será assim tão banal que um dia me passe ao lado?
Tenho medo.
Por um lado gosto muito de observa-la, fora da minha janela, dentro da sua liberdade, liberdade essa que me prende, a mim e a ela.
De todas as sombras que existem é aquela que me serve, é apenas aquela que se encaixa em mim e eu quero-a, sei que a tenho mas preciso mesmo de tê-la colada a mim para saber que está lá, saber que sou igual aos outros?
Valerá a pena ser como os outros? E ter uma sombra que ande sempre presa a nós mas e depois, irei dar-lhe o mesmo valor?
E eu gosto tanto dela assim…
Preciso de mais?

1 comentário:

Diabinha e Tal ... disse...

Palavras para quê?
Já me habituaste e muito bem á tua escrita!
Simplesmente(como sempre)LINDO!
Parabéns!


Hum ;-)