Encontrei



Não posso dizer que fui eu quem te descobriu porque estaria a ser egoísta de mais ao ponto de desmanchar o prazer que foi descobrirmo-nos um ao outro.
Hoje olhamos para trás e rimo-nos dos momentos em que tu e eu nos mandávamos mutuamente para trás com medo, medo do quê?
Medo de sermos alvo de uma inveja em formato séptico daqueles cujo dia a dia habituou a uma postura que faz parte de nós mas que ambos sabemos que mais ninguém nos conhece ali por aquilo que somos, apenas revelamos aquilo que queremos a quem queremos e apenas os deixamos ir até onde queremos, e no nosso querer achámos por bem ocultar aquilo de que melhor temos, temo-nos um ao outro.
Começámos de mansinho, com receio e tímidos mas rapidamente entendemos que não podíamos passar um dia sem ouvir a voz do outro…
À medida que nos despedíamos da nossa rotina diária, combinávamos em segredo encontros mágicos ao luar, encontros esses que passaram a ser aguardados ainda ao nascer da manhã com a ansiedade de nos ouvirmos um ao outro à noite.
As conversas foram se tornando mais reveladoras, e assim que nos apercebemos que não nos podíamos deixar levar em mais uma amizade incompleta decidimos que tinha chegado a altura de nos conhecermos.
Afixados o dia a hora e o local, aguardei-te como combinado, a espera era intensa e assim que te vi chegar os nossos olhares fitaram-se e já esboçávamos sorrisos que mais tarde se tornaram em gargalhadas que se prolongaram durante algum tempo, começou tudo muito timidamente como daquela primeira vez em que nos ouvimos as vozes.
O tempo passava e ambos revelamos que éramos mesmo aquilo que sempre fomos, puros e verdadeiros, sem nada para esconder um do outro.
Bastava apenas consumarmos aquilo que por tanto esperávamos, a união dos nossos lábios como que num casamento perfeito em que se faz uma jura eterna.
Seria o selar do meu pacto contigo, o meu desejo do inferno.
Ainda tudo era muito novo para nós, o sabor dos nossos beijos, o toque da nossa pele até a forma desajeitada como despíamos a roupa um ao outro.
Por fim e como chegámos ao mundo, despidos de preconceitos e envolvidos em ofegantes murmúrios acelerados, ajeitei o meu amor em função do teu desejo e com ele o coração apertou em nós uma vontade de nos degustarmos em prazer.
Foram várias as maneiras que nos devoramos um ao outro e vários os ruídos que libertamos ao faze-lo.
Deitei tudo aquilo do que de mim espremeste e como uma esponja que se entretinha em jorrar em ti todo o significado daquele momento, vim-me dentro do teu corpo que me abraçava enquanto tremia de prazer.
Passámos aqueles curtos dias juntos mas com promessa de se voltarem a repetir e um dia quem sabe com o destino de se tornarem dias eternos só a dois.
Voltámos à rotina e como se nada se passasse para os outros foram nos dadas as saudações do costume, as conversas do costume e no meio de todo este à vontade rotineiro jaze um segredo só nosso.

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